Entrevista: O diretor-presidente do Instituto de Planejamento e Gestão de Cidades fala sobre os motivos que levaram à fundação do instituto
Nossa conversa com Leonardo Santos, fundador do IPGC, revelou os ingredientes secretos da bem-sucedida receita que tem ganhado espaço no Brasil e transformado a realidade de diversos municípios ao redor do país. Especialista em Planejamento e Gestão Social pela Universidade Federal de Juíz de Fora e Mestre em promoção da saúde pela Faculdade de Medicina da UFMG, Leonardo Santos atuou como consultor de serviços e programas de saúde pública, professor universitário na Faculdade Pitágoras e na PUC Minas e pesquisador e professor da Universidade Federal de São João del-Rei. Trabalhou também como Gestor Público Federal na Diretoria de Operações da CASEMG (Ministério da Agricultura) nas áreas de agronegócio e comércio exterior; possui experiência em gestão de projetos de Infraestrutura Urbana e na estruturação de projetos de Concessões e PPPs. Fundou o Instituto de Planejamento e Gestão de Cidades (IPGC) em 2013 e, atualmente, ocupa o cargo de diretor-presidente, desenvolvendo projetos com foco em Gestão Pública, Infraestrutura Urbana e Desenvolvimento Sustentável.
Sobre o instituto, Leonardo nos disse: “o IPGC é uma instituição de inteligência, com foco em planejamento e gestão de cidades. Nós queremos ocupar esse espaço que, na minha visão, carece de atenção no país. Não há, hoje, na sociedade, uma instituição como o IPGC, que venha se empenhando e somando os esforços de toda a sua equipe para pensar soluções e transformar a realidade dos municípios brasileiros.” Quando questionado sobre o foco específico em cidades, ele explicou: “A vida está nas cidades. É lá que as pessoas vivem, se alimentam, trabalham, amam… O Estado e a União são abstrações territoriais, mas as pessoas moram em uma rua, que tem poste, tem árvore, tem rio. A cidade é o local da produção da vida, e é ali que nós podemos causar impacto real na vida das pessoas.”
Ainda com relação ao IPGC e às motivações para sua fundação, continuou: “O IPGC é a minha resposta à angústia causada por um problema que vivenciei quando estava como professor na universidade: a distância entre o meio acadêmico e a realidade da população. Mesmo com todo o conhecimento produzido nas universidades brasileiras, o país ainda tem também crianças que continuam morrendo com infecções causadas por água não tratada e esgoto a céu aberto. Isso é uma loucura! Hoje, o profissional sai da faculdade sem desenvolver a capacidade de aplicar o conhecimento que adquiriu. Essa lacuna que existe entre o conhecimento acadêmico e a sua aplicação otimizada no mundo real é o que eu chamo de inteligência.”.
Sobre a diferença entre os conceitos, ele explica: “Enquanto o conhecimento é estático, teórico, repassado de pessoa para pessoa; a inteligência é fluida, adaptável ao contexto, desenvolvida como uma habilidade. Para que o conhecimento se transforme em inteligência, deve haver observação, análise metódica, tomada de decisão e intervenção na prática. Nesse sentido, o conhecimento, por si só, não é transformador, visto que decisões boas e ruins podem ser tomadas a partir dele, mas a inteligência é a condição sine qua non para que as nossas ações sejam qualificadas. É a partir dela que nós desenvolvemos a capacidade de tomar decisões mais acertadas.”
Leonardo argumenta que as universidades se retroalimentam com o conhecimento que produzem, enquanto os prefeitos, vereadores e outros representantes do poder público, que diariamente tomam decisões com relação à vida do povo, não acessam essa fonte. Assim, surge o IPGC, uma associação sem fins lucrativos de pessoas da sociedade civil, cujo único ativo, de acordo com o seu fundador, é a sua capacidade inventiva de transformar realidades. “A inteligência que nós desenvolvemos no IPGC, a partir dos nossos estudos, modelagens e resultados na prática, é o ativo que nós oferecemos, para que os prefeitos possam tomar decisões mais assertivas, que impactem positivamente a vida das pessoas. Isso porque, contrariamente a uma empresa, nós não visamos ao enriquecimento. Toda a nossa equipe se reuniu em torno de um propósito: transformar os municípios brasileiros em cidades inteligentes, para modificar a realidade das pessoas. Somos uma ponte entre o vasto conhecimento que é produzido pelo meio acadêmico e os gestores que necessitam transformar esse conhecimento em inteligência para desenvolver suas cidades.”